Introdução

Quando a equipe se reuniu pela primeira vez para definir os caminhos que seguiria na abordagem do tema "Juventude e Rebeldia", surgiram algumas questões. Há um farto imaginário por trás das figuras de rebeldia e de juventude e uma aceitação do lugar contestatório do jovem na sociedade. Era preciso, portanto, buscar o caminho dessa construção na História para depois entender a assimilação do "jovem rebelde", visto com naturalidade nesse papel.

A adjetivação de qualquer grupo é fundamental não apenas para que outros grupos os definam, mas principalmente para a construção de sua identidade como tal. Associar os jovens -como um grupo- a algum tipo de rebeldia é qualificá-los de modo homogêneo. E assim colocam-se novas questões sobre o que é rebeldia e o que é alienação. Um grupo de jovens agindo por uma ideologia de Estado consegue enxergar-se como agente de transformação, engajados em causas que consideram justas. No entanto, qual é o limite que separa o engajamento do consumo de massas?

As questões não foram todas solucionadas, e sequer era esse o nosso propósito. Os textos aqui buscam a reflexão a partir de períodos históricos, divididos em cinco partes:
Alguns textos tem complementações, análises de outras obras que não diretamente relacionadas com o assunto central ou com o período definido. Todos contam com imagens de apoio e filmes que tratam ou foram produzidos nos referidos períodos.

A imagem da juventude muda de acordo com as gerações. Existem valores que permanecem e outros que são "superados". Para finalizar essa introdução, um trecho do romance de Milan Kundera, A brincadeira, no qual dois homens da geração da Primavera de Praga conversam sobre os jovens dos anos 60, às vésperas da invasão dos russos na República Tcheca:
"- Uma cegueira substitui outra.
- Eu não diria isso. Admiro-os justamente porque são diferentes de nós. Eles gostam do próprio corpo. Nós negligenciamos os nossos. Eles gostam de viajar. Nós ficamos parados. Eles gostam de aventuras. Nós perdemos nosso tempo em reuniões. Gostam de jazz. Nós copiamos sem sucesso o folclore. Eles se ocupam de si mesmos. Nós queríamos salvar o mundo. Com o nosso messianismo, quase o destruímos. Com seu egoísmo, talvez eles o salvem."
Milan Kundera. A Brincadeira, 1967.

Um agradecimento especial ao Jabson Rodrigues que emprestou alguns desenhos seus para a composição desse site.